A época medieval da literatura portuguesa coincide, do ponto de vista histórico, com a Idade Média e iniciou-se pouco depois da constituição de Portugal enquanto reino independente.
A literatura foi condicionada por factores sociais, políticos e culturais, tais como: a organização social, que assentava numa relação de vassalagem do servo face ao senhor, a intensa actividade guerreira a que a Reconquista Cristã obrigava e a sociedade essencialmente rural.
O que distingue a lírica galego-portuguesa é que esta não foi um fenómeno circunscrito a um reino: os trovadores que a cultivavam eram portugueses, galegos, leoneses e castelhanos.
Numa fase inicial, a escola predominante era a da lírica galego-portuguesa; posteriormente desenvolveu-se um novo género literário, as novelas de cavalaria, baseadas nas vivências das cortes, que marcam a passagem de uma cultura de difusão oral para uma assente na escrita.
Os grandes focos da cultura eram os mosteiros, onde eram copiadas as grandes obras da literatura do mundo antigo e medieval. A cultura popular, por seu lado, assentava na transmissão oral: jograis e músicos espalhavam narrativas lendárias ou cantigas e outras composições literárias.
Cantigas de amigo: É a donzela quem fala, dirigindo-se à mãe, às amigas ou à Natureza, num desabafo ou na narrativa de um episódio relacionado com o amigo. O ambiente é geralmente o do campo, da beira-mar, da fonte, do adro da igreja e o doméstico. Consoante o ambiente em que decorrem, as cantigas são classificadas como bailias, cantigas de romaria, barcarolas, cantigas de fonte, ou albas. Seguem normalmente uma estrutura paralelística.
Cantigas de amor: O trovador exprime o seu amor e sofrimento pela senhor, normalmente uma mulher casada, de elevado estatuto social, que não lhe corresponde. O trovador exprime a sua coita por uma dama perante a qual se sente vassalo, exprimindo-se de acordo com os códigos do amor cortês: não revelar a identidade da dama ou não expressar o seu amor em público, respeitando a mesura.
Cantigas de escárnio e maldizer: A cantiga de escárnio distingue-se da cantiga de maldizer pelo facto de na primeira a sátira ser menos directa, baseando-se em trocadilhos e ironias, sem identificar a pessoa satirizada, ao contrário do que sucede nas cantigas de maldizer, que por vezes chegam a ser grosseiras. Incidem sobre pessoas, mas também sobre alguns problemas da época—a decadência da nobreza rural, as convenções do amor cortês ou a corrupção dos costumes.
O ponto máximo da historiografia portuguesa foi alcançado com Fernão Lopes, primeiro cronista oficial do reino, que adoptou métodos de investigação mais rigorosos e concepções de história que têm em conta diversos aspectos da sociedade e não apenas os grandes feitos dos nobres.
Atribui-se a designação de época clássica a este período literário pois tem como referências estéticas e culturais a cultura clássica greco-romana e adopta as formas e géneros do Renascimento italiano. Nestes cerca de 3 séculos incluem-se vários movimentos estéticos: o classicismo, o maneirismo, o barroco e o neoclassicismo.
Durante o período do Renascimento assistiu-se a uma série de importantes progressos técnicos e científicos. O homem tornava-se centro de interesses cada vez mais alargados, pelo que se procuravam na cultura antiga respostas às novas questões surgidas. Por isso se atribui a designação de Renascimento a este movimento pois, para este novo espírito, a Idade Média surgia como um período de trevas e de esquecimento dos grandes valores do classicismo greco-latino.
Em 1445-1463 o mundo católico foi abalado pelo Concílio de Trento, que consumou a separação das duas igrejas, católica e protestante. Com a Contra – Reforma, instaurou-se em Portugal a Inquisição, em 1536, órgão cujas funções eram punir os crimes contra a fé cristã e censurar todas as obras editadas.
Ao longo do séc. XVI o sentimento de optimismo e de confiança nas capacidades humanas foi seriamente abalado. Gerou-se um clima de instabilidade e pessimismo, que se reflectiu numa ruptura com os cânones estéticos do Classicismo, ruptura que caracteriza o Maneirismo.
O Barroco está ligado ao desenvolvimento das cortes absolutistas europeias. A arte barroca é reflexo da grandiosidade da vida da corte.
Os ideais de tolerância, de liberdade chegavam a um público cada vez mais alargado: existia uma exigência de racionalismo que se estendia também às artes. A subida ao poder do marquês de Pombal proporcionou sérias transformações: travou o poder da Inquisição e expulsou os jesuítas que dominavam o ensino.
Este período marca a passagem do escritor de um regime de mecenato (dependente da coroa, de um senhor nobre) para o do seu estabelecimento autónomo, para a profissionalização do ofício de escritor.
A literatura neoclássica – de recuperação de certos valores do classicismo – representa uma evolução no sentido do aburguesamento da literatura.
O ideal épico correspondia à concretização dos valores humanistas tipicos deste período. Em 1572, Luís de Camões publicou Os Lusíadas, tomando como tema a história de Portugal, partindo da viagem de descobrimento do caminho marítimo para a Índia.
A grande personalidade teatral portuguesa do séc. XVI é Gil Vicente. A sua obra é uma obra de transição entre o espírito medieval e o Renascimento, mantem estruturas e tipos caracteristicamente populares e tradicionais, mas onde se incluem já algumas das questões discutidas no âmbito do humanismo.
As instituições religiosas tinham um grande peso na vida cultural do país nesta época.
O termo Romantismo encontra-se relacionado com uma característica fundamental deste movimento: a recuperação de tradições e elementos próprios da cultura medieval, que a cultura clássica havia posto de lado.
O crescente poder da burguesia levou à afirmação de uma cultura burguesa; experienciava-se um sentimento de optimismo, de crença nas capacidades humanas e no futuro.
Existia um espaço propício à intervenção do escritor, que era incumbido de espalhar doutrinas e de levar os homens à acção. Esta missão interventora do escritor é uma das marcas fundamentais do Romantismo.
O novo público regia o seu gosto por princípios mais emocionais do que artísticos: valorizava-se mais a sensibilidade individual, o irreal e o sonho, com todos os seus excessos; havia ainda lugar para o exótico, especialmente o exótico medieval.
Em Portugal, o Romantismo foi relativamente tardio. Do ponto de vista histórico, coincidiu com a instituição do liberalismo em 1820, período em que a burguesia, apoiante do novo sistema, se opunha à aristocracia nobre e clerical. Alguns autores, como Alexandre Herculano e Almeida Garrett, foram figuras de proa, tanto da literartura como da vida cultural e política.
Alguns princípios estéticos do Romantismo deram forma a um lirismo convencional, marcado pela expressão sentimental, grandiloquente, exclamativa, terrífica, poesia esta que era designada de ultra-romântica, típica de autores como António Feliciano de Castilho.
Na literatura anunciava-se o confronto de gerações e tendências. Em 1865 deu-se a primeira grande manifestação dos novos ideais, com a Questão Coimbrã. Antero de Quental, que defendia a missão revolucionária da literatura, o seu poder de intervenção no mundo e no futuro da humanidade, reagia à velha geração, liderada por António Feliciano de Castilho. Este grupo de Coimbra ficou conhecido como a geração de 70; dele fazia também parte Eça de Queirós que introduziu o realismo literário em Portugal.
Foi introduzido em Portugal por Alexandre Herculano (Eurico, o Presbítero, 1844) e tornou-se um dos géneros de maior sucesso deste período. O romance histórico está ligado à perspectiva romântica de procura da identidade nacional num período anterior à contaminação pela cultura clássica – por isso é frequentemente situado no período medieval, como é o caso de Eurico.
A actividade reformadora que a Geração de 70 se propôs a levar a cabo manifestou-se na literatura de diferentes maneiras. Em 1871, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão deram início à edição de As Farpas, onde era feita uma crítica satírica à sociedade portuguesa. Eça de Queirós criticou fortemente a literatura romântica sentimental, hipócrita e desligada da vida, assim como criticou o Romantismo por sobrepor o sentimentalismo à análise do real. Neste escritor destaca-se uma capacidade de transfiguração poética, de reprodução, em certos traços e tiques, de tipos e personagens.
. Teatro
. A prosa realista e a Gera...